respondendo sobre a fanfic do Xandão
é uma PUTARIA o que estão fazendo com o brasil. brincadeira. eu não diria isso
Semana passada, algum comedor de merda na pró-reitoria da Universidade de São Paulo decidiu que mais de TREZE MIL estudantes, INCLUINDO EU!!!, seriam reprovados se continuassem em greve.
A legalidade de uma decisão dessas não vem ao caso. Todo mundo sabe que o espírito do absolutismo francês sobrevive no cargo de Reitor da USP. É um homem que tudo pode e tudo faz. Também não vem ao caso o que aconteceu com os absolutistas franceses: o importante, nessa e em todas as questões que me aparecem, sou eu.
Como assim EU vou ser reprovada?? Depois de tudo que eu fiz pra me formar esse ano??? Depois de todo o Hegel que eu li???? Sabia que a primeiro comentário em inglês sobre a obra dele chamava O Segredo em Hegel e uma das resenhas do livro disse que “pelo visto o segredo continua guardado”?????? O meu sofrimento não significa NADA pra você?????????????
Foi nesse momento de tortura que chegou a mensagem de uma leitora no Telegram:
A FIC DO XANDÃO (SIM, O MINISTRO)
Ministério de Prazer: O Ministro do STF e a Filha do Senador Patriota é um livro erótico sobre o fictício ministro Alexandre Cássio de Alencar, vulgo Xandão, e a fictícia Eva Campobelli. Qualquer semelhança com Alexandre de Moraes e Carla Zambelli é mera coincidência; ou seria, se a autora não começasse o livro dizendo exatamente o contrário.
Começar um conto erótico sobre um ministro do STF dizendo que Sim, é sobre quem você tá pensando, mas eu troquei o nome! é uma das grandes estratégias jurídicas do nosso tempo. Qualquer dúvida sobre a capacidade da autora de escrever um monólogo do Xandão precisa morrer aí. E haja monólogo; apesar do fetiche em figura de autoridade ter tudo a ver o tesão em uma pessoa distante e misteriosa, o livro é todo escrito do ponto de vista do próprio Xandão. Nos mínimos detalhes.
A história é a seguinte: Eva Campobelli, filha do senador corrupto Flávio Campobelli, seduz o Ministro do STF pra livrar o pai da prisão, mas o Ministro avisa que não vai liberar ninguém de porra nenhuma e come a filha do cara assim mesmo. Curtes uma putaria? Azar o seu. O livro tem uma vibe meio Barbie (o filme, não a boneca) de você sentir que tá o tempo inteiro ouvindo sermão. Sabia que rachadinha é crime??! E eu com isso, minha filha? Libera o pauzão do careca aí pra gente.
No geral, a prosa é exatamente o que você quer de um livro desses: bem engraçada. Acertadíssima a decisão criativa de botar o Xandão pra chamar o quadril da mulher de ANCAS, no melhor estilo Aluísio Azevedo— e eu admiro muito a autora por resistir até a página 35 (!) antes de mostrar a mulher “lambendo e arranhando a careca com os dentes”.
O próprio escritório do Ministro é descrito num estilo meio arma de Chekhov, se o lance do Chekhov fosse que cada elemento introduzido na história precisa virar apoio pra comer o cu de alguém. “O ambiente conta com apenas a minha mesa, a poltrona onde eu me sento, uma cadeira confortável logo à minha frente e um sofá pequeno para visitantes” — ah tem um sofá no escritório? Bom saber. Certamente será tratado com o respeito que a mobília do Supremo Tribunal Federal merece.
Infelizmente tudo que é bom acaba, e as sessenta páginas de Ministério do Prazer não me distraíram da ruína acadêmica por muito tempo. Desesperada atrás de mais leituras sobre o Xandão, entrei no Wattpad e descobri um novo mundo.
UMA BEBÊ INESPERADA. BY JANJINHA_13
Uma Bebê Inesperada é a história de Amélia “Lula” da Silva, uma criança encontrada no lixo. Quando eu digo encontrada no lixo, que imagem te vem à cabeça? Um neném dormindo numa caçamba? Talvez uma caixinha de papelão forrada com cobertor?
Um saco de lixo, do lado de um poste, com uma perna de bebê aparecendo. A perna aparecendo?? Não é nem um BOM saco de lixo então, é daqueles de padaria que rasga o fundo no meio da rua. Não sei você, mas eu gastaria um trocado a mais num Embalixo 60L reforçado pra embrulhar minha criança. A ocasião pede.
Encontrada a criança no lixo, Janja corre pro hospital.
Muito a se analisar nesse trecho. Vamos por partes. A neta do Lula (Bia Lula) pergunta ao médico se a bebê encontrada no lixo tá bem, ao que o médico responde “Não posso falar agora”. Cabe lembrar que a história é ambientada em Curitiba.
Ele então pergunta quem encontrou a criança, e Janja se apresenta. Nisso a narradora revela sua curiosa visão de mundo, descrevendo a mulher do Lula como uma socióloga — alguém cujo trabalho é “perceber coisas que ninguém percebia”. Essa noção do sociológo como uma espécie de detetive social é seguida pela afirmação de que “Janja era uma das sociólogas mais importantes da empresa que trabalhava”. Isso é verdade de qualquer sociólogo, já que empresa não costuma ter mais de um.
Fanfic do Alexandre de Moraes e da mulher do Lula não surpreende. Claro que algum maluco por aí vai ter uma relação esquisita com o protagonista do Supremo Tribunal. Mas e os coadjuvantes da política brasileira? Determinada a ignorar meus próprios problemas, eu embarquei numa última missão: encontrar a pessoa mais irrelevante a ter uma fanfic escrita em sua homenagem.
Tem do Alckmin, do Haddad, do Boulos. Claro que tem. Desce um escalão: tem da Gleisi Hoffmann? Tem.
Então desce mais. O ex-carceireiro do Lula que agora é segurança pessoal dele, tem fanfic? Óbvio. Ricardo Stuckert? Com certeza. Precisa ser mais irrelevante. Alguém que não sai no jornal, que não tem cargo, que até os fãs não respeitam. Que tá no meio político mas não influencia ninguém. E aí me veio a resposta:
Obrigada pela paciência! Se eu não me formar esse ano eu VOU me matar.
A única saída é escrever uma fanfic do reitor da USP
todo mundo sabe que vc escreveu este capitulo pra divulgar a sua fic do Xandão, bom finados